Relendo um dos artigos da revista ‘’Mente e cérebro’’ sobre psicoativos, consegui ratificar na prática que os efeitos de um medicamento no cérebro de um homem é bem diferente em uma mulher.
Na verdade, fui solicitada para intervir junto com a equipe de enfermagem no hospital em que trabalho, já que o paciente vítima de TCE (traumatismo cranioencefálico), estava desorientado e precisando de contenção (ser mobilizado no leito), para não se machucar e machucar os técnicos e o enfermeiro da equipe.
Com muito ‘’trabalho’’ ele foi imobilizado e a técnica de enfermagem administrou a medicação venosa em seu braço, mas quando pensávamos que a medicação seria eficiente, descobrimos que ela não fez o efeito esperado.
Pois bem, o médico de plantão foi chamado e prontamente verificou a situação e prescreveu nova medicação. Deu certo? Nãooo...A equipe ficou ''sem chão'', pois parecia que ele tinha ‘’tomado água com limão’’ e o pior estava mais irritado que antes.
Erro na medicação? Nãoooo. O médico até procurou verificar nas ‘’literaturas googleanas ’’ a confirmação de seu ‘’olhar clinico’’, mas na verdade, sai de lá com a sensação que ele ‘’tinha o corpo fechado para a medicação’’ (Só usando o humor para minimizar o desgaste físico e mental sofrido pela equipe).
O que o artigo trouxe de novo? Bem, mencionou as possíveis causas: hormonais, nas diferenças na composição corporal e no metabolismo. Por isso, os homens são menos sensíveis a certas drogas.
Os efeitos colaterais também são vistos, até porque, segundo o artigo, as mulheres são de 50% a 75% mais propensas a manifestar efeitos colaterais.Aqui, vou citar algumas informações que me fizeram a entender o motivo daquele paciente ter sido tão resistente aos efeitos da medicação.
Vamos lá!
· Quanto aos ansiolíticos: antidepressivos, em meio estomacal menos ácidos, no caso das mulheres, absorvem a medicação mais rápido que em homens . Devido a isso, doses maiores são potencializadas e prejudiciais a elas.
· Benzodiazepínicos: são filtrados mais rápido nos rins dos homens, já que nas mulheres a espera entre uma dose e outra é maior.
· Analgésicos: os medicamentos opioides, como a morfina, são absorvidas mais rapidamente nas mulheres, pois o hormônio estrógeno possui poder na modulação do sistema opinoide endrógeno.
Enfim, aprendi na prática o que li na teoria e devo dizer que ser médico é missão de vida, pois um erro na dosagem da medicação ou a indiferença aos sintomas apresentados pelo paciente podem repercutir negativamente na evolução clinica do paciente, e deixar a equipe em risco de ser agredida.
Alda de Cássia
*Imagem: Isto é