quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

‘’Maconha, será que serve para o tratamento do meu pai?’’























Bem, a pergunta (‘’Maconha, será que serve para o tratamento do meu pai?’’) foi feita pela filha de um paciente que estava internado com o diagnóstico de AVC (acidente vascular cerebral). Ele receberia alta no dia seguinte por isso, a fonoaudióloga pediu para que eu pudesse conversar com ela.

Ouvi todos os seus argumentos como: ‘’Sei de um senhor que a filha trouxe do Chile’’, ‘’Ele nunca mais teve um AVC’’ ,  a ‘’Parte ruim que o cérebro dele pode ser aumentado’’e ‘’ Ele voltou a andar depois das gotas’’.

Pois bem, não me vi na condição de argumentar e sim dar informações mais pontuais e reflexivas, entre elas: ‘’Não existem duas pessoas com o diagnóstico de AVC que possuem igual área afetada’’ e ‘A reabilitação funcional não é a mesma até porque lidamos com pessoas com história de vida e clinica diferente. Não é mesmo?’’.

Bem, será que vale a pena submeter o pai aos prejuízos dos efeitos colaterais  (segundo ela, aumento do cérebro e toxidade letal)do uso ‘’da ‘’folha’’? É ilegal o uso como remédio no Brasil. O que aconteceria se ele passasse mal e no exame de sangue fosse comprovado a substância no sangue?Perguntei...Ela ficou em silêncio!!

Diante destes fatos resolvi pesquisar e aqui deixo um pouco da minha pesquisa. É claro que, há o uso no Chile, como tratamento, e como ela falou, ‘’certa cura’’, não é garantia de que o mesmo vai acontecer em todos os pacientes.

  - Existe o registro de diminuição da crises epiléticas (mais de 300/mês para 2/mês) em uma criança (Charlotte Figi, 7 anos de idade) que apresentava o diagnóstico de Síndrome de Dravet (tipo de epilepsia grave e que pode aparecer acompanhado do Autismo). Ela tendo sido tratada com o extrato de uma variedade de cannabis sativa (No Estado do Colorado)

  - O Canabiol é uma substância proibida no Brasil, pois é considerada uma substância psicotrópica de uso não prescrito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

   - Médicos e pesquisadores alertam que o uso durante a adolescência e inicio da vida adulta pode provocar problemas cognitivos e comportamentais.

   - A maconha pode provocar a síndrome amotivacional que apresenta sintomas clínicos como: prejuízo da memória, déficit de atenção, falta de interesse e outras sintomas que interferem na produtividade e no aprendizado.

  - A reação mental do uso da maconha vai da euforia à fluidez de idéias até ao pânico.

  - Pode aparecer quadro psicótico com o uso abusivo precoce em pessoas com predisposição; 

-  Para o uso é importante considerar: o paciente e a doença para pesar os riscos e benefícios da terapia com cannabis.

-  Possui efeitos terapêuticos: diminuição de espasmos musculares, ataxia(falta de controle muscular) e fraqueza;

-  Menor pressão intra-ocular no caso de glaucoma;

-  Uma pesquisa publicado pelo Instituto Max Planck de psiquiatria, na Alemanha, diz que o uso provoca no processo cerebral uma proteção contra o ataque de epilepsia.

-  Segundo Juliana Tiraboschi , em artigo na revista Galileu , foi sancionada uma lei que descriminaliza o uso, porém não legaliza o uso pessoal de entorpecentes no Brasil;

-  A maconha pode provocar o surgimento de novos neurônios (artigo de Sidarta Ribeiro, Ph.D, em neurobiologia pela Universidade de Rockefeller)/ Revista Viver Mente e Cérebro: ‘’Detalhes do Não  e do Sim’’)  

Enfim, não pretendo defender a proibição ou apoiar o uso, por isso, disse, para a filha do paciente, que todo tratamento deve ser acompanhado por uma equipe de profissionais de saúde e fazer o uso ou não, não é uma decisão simples quando se deseja buscar ‘’a cura do pai’’ como ela argumentou.


Fonte: Pesquisa feita na Revista Viver ‘’Mente e Cérebro’’ e Galileu

Bjs,
Alda de Cássia

*Imagem: BBC