domingo, 1 de abril de 2018

Páscoa




Neste ano decidi escrever um artigo sobre o simbolismo dos ovos e do coelho na Páscoa. Muito se vê as imagens de coelho e de ovos como símbolos da Páscoa. Mas qual o motivo deste simbolismo?

Bem, começo pelos ovos.  Antes mesmo do cristianismo, na Europa havia o costume de trocar ovos no Equinócio de 21 de março para celebrar o fim do inverno e o início da primavera. 

 Quando começou a haver a celebração da Páscoa cristã,  a troca de ovos começou a fazer parte da Semana Santa. O ovo passou a ser visto como um símbolo da ressurreição de Cristo. As pessoas trocavam ovos de galinha decorados. Foi na França  que  a tradição dos ovos de chocolate começou, pois  a ideia de ovos de chocolate surgiu quando cozinheiros passaram a esvaziar os ovos de galinhas e os recheavam com chocolate,  pintando a casca. A partir do século XIX, os ovos doces tomaram conta da comemoração.

Há uma relação também do ovo com a Páscoa judaica.  A celebração da Páscoa cristã tem sua origem na  festa judaica do Pessach – que significa “passagem” em hebraico, uma referência à saída dos judeus do Egito e sua libertação da escravidão, com a chegada à terra prometida sob a liderança de Moisés.  O ovo, durante a festa judaica, é utilizado como símbolo do povo de Israel. Segundo a tradição judaica em determinado momento, o chefe de família se levanta e diz: “O povo de Israel é como este ovo, que, quanto mais cozido na dor e no sofrimento, mais preserva sua unidade e sua identidade”. Portanto, o ovo para os judeus  representa a força do seu povo, que se torna mais forte cada vez que passa por épocas de sofrimento. E assim o simbolismo do ovo também foi usado pelo cristianismo para relembrar a ressurreição de Cristo, representando a renovação da vida.
Em relação ao coelho como símbolo da Páscoa, o costume surgiu no século XVI, na Alemanha.  No século XIX os alemães trouxeram o hábito para a América e o animal foi associado à Páscoa devido se reproduzir rapidamente, simbolizando fertilidade e vida nova. Desde o antigo Egito, o animal já era considerado símbolo da fertilidade devido à sua incrível capacidade de procriação.  O coelho como símbolo de prosperidade e fertilidade tem estado presente  na cultura de diversos povos ao longo da história. 

Os povos germânicos, que habitavam a região norte tinham uma narrativa mítica sobre uma deusa da fertilidade de nome Ostara. O coelho era símbolo do culto a essa deusa, já que passado o inverno e tendo início o período da primavera (estação que simboliza o “renascimento”, a floração, a fertilização), os coelhos eram, com frequência, os primeiros a saírem de suas tocas e começarem a reproduzir-se.

Há uma relação dos ovos com os coelhos. As tradições rituais germânicas associaram a prática de entrega de ovos de aves pintados com tintas para as crianças por coelhos, símbolos de Ostara. Havia uma tradicional "caça ao coelho" , mas na verdade os ovos enfeitados eram escondidos nos campos e encontrados pelas crianças que procuravam coelhos.  Assim, com o cristianismo, a prática da entrega de ovos passou a ser relacionada  à Páscoa, e não mais à deusa Ostara. A prática de entrega de ovos acabou se generalizando com as migrações alemães para o continente americano.

Vemos portanto, que as tradições antigas acabaram transmitindo às futuras gerações estes costumes que permaneceram sobre o ovo e o coelho na Páscoa. Claro que com o comércio, houve cada vez mais a disseminação dos ovos de chocolate como presentes. Mas creio que os cristãos, apesar de estarem inseridos nesta cultura com os símbolos de ovos e coelhos, não devem se esquecer do verdadeiro sentido da Páscoa que é a Ressurreição de Cristo. Feliz Páscoa!

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

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Figura: Google.