sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Como contar um conto

 



Sim, a proposta hoje é ajudar você a contar um conto. Dia desses uma amiga minha perguntou: "Como você faz para criar os seus contos?’’. Na hora respondi que ‘’coloco a realidade com uma pitada de imaginação’’.


Em casa comecei a pensar sobre aquela pergunta. Sempre criei, sem determinar o que criar. Eu simplesmente pegava uma caneta e um papel ou a tela do computador e fazia o que vinha a mente.

Isso no inicio, mas, com o tempo, comecei a andar na bolsa com caneta e papel, pois cada cena observada de uma briga, um beijo ou uma criança sorrindo era motivo de inspiração. E olhe que, até hoje, ter na bolsa caneta e papel é mais importante para mim que ter um batom (rs).

É difícil escrever um conto? Você poderia perguntar. Não, desde que você goste de ler e domine algumas regras básicas, pois criar é ter um repertório de informações, que possam ser acionadas automaticamente.

Ah, é preciso ser perceptivo ao ambiente também. Ser capaz de captar até o cachorro atravessando a rua e com risco de ser atropelado, até uma passageira passando pela catraca com um ‘’passe fácil’’ na boca.

Vamos lá! Vamos pegar o exemplo da passageira do ônibus. Bem, o cenário já existe – dentro de um coletivo. Os personagens: a passageira, que pelo jeito é mulher, o cobrador, o motorista e os passageiros.

Até aí ok? Então, vamos que vamos (rs). A ação: Passando pela catraca do ônibus, com um passe  na boca. Antes de mais nada, você já observou esta cena antes. Ou não?
Eu já inúmeras vezes! O que pensei na hora? Pois é, aí está a reação provocada pela cena no receptor da informação visual, no caso você. O que você sente ao ver essa cena?

Isso mesmo! O conto que você precisa criar deve ter esse componente: Despertar uma reação no leitor. Bem, eu achei nojento, pois tenho uma noção de higiene que me levou a pensar na quantidade de bactérias recebidas pela passageira naquele ato.

Sim, porque, o passe  é sujo, uma vez que é manipulado por mãos sujas. Imagine quanta contaminação! o pior é que pessoas assim ficam enojadas quando um biscoito cai na mesa e elas dizem que ‘’’não presta para comer, tá contaminado’’.
Como faria o conto? Bem assim:

Em uma manhã de sol a pino, Maria Luiza esperava o ônibus chegar. Atrasada como sempre, pois o despertador do celular não tocou. Saiu apresada de casa, apenas tomou banho e  um café.

Muita gente na parada, Sorte que mora próximo, caso contrário chegaria tarde. Viu de longe o ônibus. As pessoas ao redor já se acotovelando para subir. Sempre é assim. Salve-se quem puder!

Entre um aperto aqui e ali, ela sobe. Cadê o passe ? Esqueceu de tirar da bolsa. Entre uma e outra reclamação, ela tira e coloca na boca. Precisa fechar a bolsa. Medo de ser assaltada. Caso ocorrido com a amiga na semana passada.

Uma passageira sentada na primeira cadeira vê a cena. Certa repulsão sentiu. Estava sendo contaminada, sem ao menos ter noção. Foi a reflexão da dona Júlia.

Maria Luiza, logo que passou pela catraca, viu a cara torcida da passageira e na mesma hora se lembrou que deve ter sido pela sua atitude. Não tinha o hábito de colocar nada na boca.

Logo ela que criticava quando via essa cena nos outros. Agora não dá para voltar atrás. Ela tira uma garrafinha de álcool da bolsa e, discretamente, molha a mão no álcool e passa na língua.

Pelo menos vai reduzir a contaminação pela metade. Pensou. O ônibus chega. Ela desce e segue é preciso trabalhar. A vida continua...

Ufaa! Tentei juntar todos os componentes necessários para escrever um conto bem ‘’vapt-vup’’(rs)

Espero ter conseguido repassar um pouco da minha técnica!

Alda de Cássia 

Arte: Vitória de Cássia