quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O brincar de uma criança

 

Bem, uma mãe que começou o atendimento recentemente de terapia ocupacional me perguntou quando sua  filha começaria  a brincar com os brinquedos dela.


O que respondi? Disse da forma mais simples possível: ‘’Quando estiver pronta para pegar o brinquedo, daí porque este é um dos objetivos, entre tantos, do Programa de Estimulação Precoce.

Uma criança de 1 mês ainda não é capaz de sustentar a sua cabeça (controle cervical). Como pode pegar um brinquedo na sua linha media e manipular de forma adequada? e no caso dela, Síndrome de Down com ADNPM (Atraso no desenvolvimento Neuropsicomotor), com 4 meses e sem nunca ter passado por nenhum programa de estimulação.

Sempre digo para os pais  que é preciso estar atento a cada fase do desenvolvimento da criança. Algumas mães já perguntaram, por exemplo: ‘’Ele chora muito o que deve ser? Já troquei fralda, dei peito. Vi que não é dor  e ele continua chorando’’.

Logo pergunto: ’Você já colocou no colo. Deu carinho?’’. Pois o choro é comunicação por sinal, a primeira do bebê. ’’E recebo como resposta: ‘’Verdade que quando coloco no colo e fico cantando para ele, ele para de chorar!’’.

Com 2 meses é sabido que a criança já começa a ‘’segurar a cabeça’’ quando está no colo, na posição de ‘’cadeirinha’’. Por isso, gosto de incentivar o carregar desta forma até porque, a criança possui a possibilidade de ver com mais amplitude visual tudo que está ao seu redor.

É claro que uma criança com Síndrome de Down vai apresentar dificuldade de manter maior alinhamento de cabeça quando nesta posição, mas incentivo o carregar de forma mais adaptada (ainda na forma de cadeirinha) e a diferença é grande, tanto que em poucos dias ela já está mais atenta ao ambiente.

Os 3 meses é uma fase de descobertas, onde o bebê descobre as mãos. Alguns ficam tão encantados que passam horas nesta ‘’linda descoberta’’. Por isso, o uso de chocalho contribui para o movimento de preensão do objeto como da descoberta do som e identificar as partes do corpo usando as mãos também é uma forma de aprendizado(esquema corporal).

Na criança com Síndrome de Down, oriento o brincar com o chocalho, mas com certos cuidados como seria para todas as crianças até porque, ainda não existe a coordenação ‘’olho-mão’’ e ela pode se machucar. Desse modo, gosto de estimular com chocalhos de  pano com guizo ou favoreço o ‘’pegar’’ com ‘‘esticar da mão’’, não muito próxima do rosto, por exemplo.

Oh! Fase boa a dos 4 meses, já que as crianças gostam de acompanhar o movimento de objetos e pessoas e estão mais atentas aos detalhes, tanto que os brinquedos coloridos são mais chamativos e até digo que o elefante pode ser azul que o interesse acaba sendo o ‘’azul do elefante’’.

Gosto de usar brinquedos de cores mais primárias (vermelho, azul, verde e amarelo) e texturas diferentes e até com sons nesta fase, pois algumas crianças gostam de tocar e também levar objetos á boca. Assim, todo cuidado é pouco, alerto logo os pais.

Bem, vou falar a última fase por aqui, pois não quero que fique muito extenso este texto. Então, lá vem os 5 meses de idade e com ele a criança já gosta de não só pegar os objetos, explorar e jogar, como fazer troca do objeto.

Em um momento na mão direita e em um piscar de olhos na mão esquerda e a brincadeira fica melhor, devido ela se desloca mais de um ponto para o outro seja na cama ou no chão.

Gosto de incentivar e motivar os pais a fazerem ‘troca de posição’’, ou seja, não deixar a criança só no chão ou no colo, porque nesta fase ela gosta de rolarrrrrrrr e o ‘mundo’’ ficou pequeno para um espaço.

Enfim, brincar com um brinquedo depende da fase de desenvolvimento que a criança se encontra. E, caso apresente atraso, um dos nossos meus objetivos será o favorecimento do seu desenvolvimento, quer seja motor, cognitivo ou sensorial, por exemplo.


Alda de Cássia

*Foto: Arquivo Pessoal