segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Até quando?


Sempre digo aos meus pacientes: ’’A doença nos reconcilia com Deus’’. É verdade! Alguns de nós só dão valor à saúde, quando a doença chega como uma dor de dente, devagar, incomodando e com o tempo tirando o nosso chão. Mas, na verdade, ela já vinha ‘’mostrando sinal’’. Porém aquela frase: ’’Não é nada, amanhã resolvo’’, era quase sempre dita.

Ser doente é diferente de estar doente. Você sabia? Aquele que diz: ’’Eu sou doente’’ já assinou literalmente seu atestado de doença permanente. Entretanto, aquele que diz ‘’eu estou doente’’, tem a doença, ou melhor, o adoecer, como condição no momento.

Confesso que, não gosto de ouvir frases como: ’’Eu vivo doente’’ ou ‘’Eu não tenho mais saúde na vida’’. Sabe por quê? Porque, não é verdade.

Na maioria das vezes, a pessoa tratou os sintomas da doença e não a causa da doença. Como assim? Vamos lá...Recentemente ouvi de uma acompanhante: ’’Ela têm depressão. Só que não faz tratamento. Por isso está doente’’.

Eu perguntei, à paciente o que ela sentia, tendo a mesma respondendo: ‘’Vivo cansada, sem vontade de comer, não gosto de sair, fico desanimada’’.

Ok! "Mas: ‘’O que aconteceu na sua vida que ainda causa tanta tristeza? ’’Fiz essa pergunta porque, ela estava internada com o diagnostico de AVC (acidente vascular cerebral), sendo esse o segundo e devido à sua condição na enfermaria: apatia, não se relacionando com outras pacientes, entristecida e, o principal, suas ‘’falas’’ eram sempre com olhar cabisbaixo e sem fala de retorno ao lar.

O certo, é que descobri que há cerca de 5 anos, o seu filho foi assassinado e, desde esse dia, sua vida ‘’acabou’’, segundo o seu relato.

Buscou ajuda com uma psicóloga, porém não deu continuidade ao tratamento. Então, a orientei buscar ajuda psicológica novamente, após, alta médica, porque a ‘’causa’’ ainda não tinha sido elaborada e o restabelecimento da sua saúde física e psíquica dependiam do seu reequilíbrio.

Por fim, disse a ela: ‘’A senhora precisa elaborar a dor da perda, para consegui libertar-se das correntes invisíveis do sofrimento emocional. Ninguém está preparado para perder um filho. Deve ser uma dor dilacerante, que nunca cicatriza, mas quando tentamos compreender que a morte e a ressurreição são ‘’passagens’’ a dor fica mais amena, pois o reencontro é certo. Morremos na Terra, entretanto viveremos nos braços de Deus ’’

Até quando?

Bjs,

Alda