quarta-feira, 6 de março de 2019

O que fazer a mais? (Minha homenagem para quem faz da sua profissão...Uma missão de amor)









É muito difícil ver uma paciente lutando pela vida. Respiração ofegante, apática, pele fria, movimentos lentos do corpo e tentativas de se comunicar verbalmente: olhar buscando comunicação com o outro.Um olhar de suplica: ‘’Façam alguma coisa por mim.Salvem-me!!’’

O que fazer a mais? Um oxímetro (é um instrumento que mede a variação de oxigênio no cérebro e batimentos cardíacos) colocado no dedo tenta  verificar ‘’o que fazer a mais’’ para a paciente ficar mais estável.

A fisioterapeuta aspira para impedir que a salivação excessiva sufoque a paciente dificultando uma melhor respiração. O médico e a  fisioterapeuta tentam diminuir o desconforto respiratório. Um buscando no conhecimento especifico do outro, alinhando idéias e ações. O enfermeiro e a terapeuta ocupacional estão ali buscando auxiliá-los no objetivo de impedir o agravamento da paciente ou a sua morte, mesmo sabendo que o seu quadro é grave.

Os pacientes e seus acompanhantes estão ali, na enfermaria, em sintonia com a equipe. Orando ou silenciando, mas buscando não interferir nas condutas da equipe. O silêncio de todos, que em certo momento, falavam ‘’o que fazer a mais?’’

Quanto tempo a paciente ainda vai ficar em ‘’sofrimento’’ respiratório? Não sabíamos, mas nós todos da equipe tínhamos a certeza que não arredaríamos o pé dali sem estabilizar o quadro clínico da paciente...Assim foi durante cerca de 3 horas e em nenhum momento pensávamos em desistir de salvá-la. 

A hora passava. A paciente oscilava entre uma pequena melhora e uma estabilidade aparente. O que fazer a mais? Foi feito tudo e mais um pouco dentro das nossas limitações, e acima de tudo, o melhor que poderíamos fazer para salvar aquela paciente que era ‘’o amor de alguém’’ como a assistente social da equipe sempre fala quando deseja falar sobre humanização no atendimento ao paciente.

O amor de alguém... Talvez seja por isso que a equipe não saiu de lá, enquanto não fez tudo que poderia fazer naquele momento, e, graças a Deus, que no dia seguinte ela já estava apresentando uma pequena melhora na UTI, mas necessitando de transferência especifica para tratamento adequado já que, o seu quadro era grave!

Enfim, meu relato foi real e o desejo de compartilhar o que senti naquele dia foi para homenagear todos aqueles que naquele dia não mediram esforços para cumprir sua missão de amor: Médico (Dr.Rafael), Roberta (Fisioterapeuta), Fabrício (Enfermeiro), ''Rutinha'' Elena (Técnica de enfermagem)... Não fizemos mais que a nossa obrigação e sim fomos instrumentos de Deus, cada um na sua especialidade e especificidade, para salvar ‘’o amor de alguém’’ como diz a Neuza (Assistente Social).

Feliz por fazer parte da Equipe!
Impossível não deixar registrado !
Humaniza Sus 

*Equipe - Profissionais do Hospital da Ordem Terceira

Alda de Cássia


*Imagem: Mundo Carreira