Era uma vez, um pequeno e belo pássaro que vivia sozinho em uma grande gaiola. Passava os dias na sala dos seus donos. Dormia, acordava e assistia televisão. O seu mundo eram as almofadas coloridas, os tapetes e a filha do dono.
Só que o pássaro cresceu e, com isso, começou a sujar a sala. Durante as tardes era tirado da gaiola, fazendo barulho porque, entediado, queria mudar de vida.
Um dia, por descuido, fugiu! Voou bem rápido e o mais alto que suas asas puderam alcançar o voo. Saiu pela sacada e ganhou o mundo.
Encantado com a nova vida e curioso, experimentou tudo. Bebeu água suja do lago, comeu restos de biscoitos do parque, dormiu no relento da noite. Sempre acordava atordoado, pois o barulho da sirene da polícia o despertava.
Passaram-se três longos invernos e o pássaro começou a sentir a falta de casa. Não tinha mais interesse em voar. As gotas da chuva quando caiam entristeciam cada vez mais o seu coração. Quando chovia, a pequena Letícia corria até ele e dizia com ternura:. “ A chuva molha as plantas e eu te batizo com essa água, meu amigo passarinho com todo o meu carinho”.
Numa bela tarde, uma colorida borboleta chegou pertinho dele e disse: “Por que triste estás? O que foi ? ” Ela queria entender. O pássaro assim contou sua triste estória.
A borboletinha então, convidou-o para juntos procurarem a sua casa.Voaram de norte a sul e, exaustos, pousaram sobre a beirada de uma sacada. Foi quando o pássaro viu aquelas únicas e coloridas almofadas e começou a cantar . A pequena Letícia saiu correndo em sua direção e o afaga como se o tempo não tivesse passado. Para a amizade não há tempo e sim atemporalidade.
Para refletir:
Quando a vida parecer que não tem razão de ser e desejares mudar, não mudes de casa, de rua ou de país. Muda de tua habitação chamada comodidade e vai à luta sabendo o que desejas da vida. O voo, então, não será em vão. E voarás no tempo certo! No tempo de colheitas fartas e prósperas!
Autora: Alda de Cássia
Arte: Vitória de Cássia