sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A doença e o adoecer.






Ficar doente, adoecer a ponto de ficar impossibilitado de realizar as atividades do dia a dia é algo muito difícil de elaborar, principalmente quando a doença leva à internação.




Um dia, você está no trabalho, no outro em um quarto de hospital, sendo visitado por amigos e familiares tentando ‘’animar’’, dar ‘’coragem para reagir’’ e fora aqueles que aparecem, para ter a certeza que, você está mesmo doente.

Eu e a ‘’mana abençoada‘’ nunca ficamos doentes a ponto de internação, mas, como trabalho em um hospital, vejo e ouço vários comentários como esses que citei.

Penso que, a doença seja como uma areia movediça. Como assim Bial? (rs)...Sim, ela tira o seu chão, mexe com a sua autoestima, diminui a sua coragem. Faz você duvidar da existência de Deus (para alguns) e provoca a sensação de que ‘’nada vai ser como antes’’.

Hellooooo... Não, mesmo!!! Você não será o mesmo de jeito nenhum! ”Sabe por quê? Porque a doença, o adoecer, mexe com o seu ‘’eu’’. Eu diria que coloca todas as suas teorias, suas certezas e as suas crenças em questionamento.

Você pensa: ‘’Eu me cuidava’’, ‘’Eu nunca fumei e bebia pouco’’, ‘’Eu sempre tentei ter uma alimentação saudável’’. "Mas como fui chegar até aqui?"

A família e os amigos quando vem visitar dizem: ’’Tudo vai ficar bem’’, ‘’Reze para Deus’’, ‘’Você vai melhorar’’. Mas sem efeito, porque você está desfragmentado de si.

Vejo essa situação todos os dias no hospital. Vejo olhos perdidos em busca de Deus, mas também perdidos em busca de nada.Vejo a ausência da família, e o descaso de alguns acompanhantes que, mesmo sendo pagos pela família, são relapsos no cuidar do paciente.

Vejo pessoas desestruturadas emocionalmente, assim como acompanhantes cheios de medos e ansiedades em busca de confirmação ou não do diagnóstico.

Ouço gemidos e palavras confusas, assim como, vejo pacientes imobilizados funcionalmente devido à sequelas de um AVC (acidente vascular cerebral), por exemplo.

Sinto que, algumas vezes me faltam palavras, para ‘’tocar ‘’aquele coração entristecido pelo adoecimento. Mas também sinto surgir dentro de mim uma força para amenizar a diminuição da fé.

Sempre digo para os meus pacientes: "Você pode perder tudo na vida em todos os sentidos, porém mesmo assim, reconstruir-se. No entanto, se você perder a sua fé, você terá perdido tudo mesmo’’.

Enfim, penso que a doença e o adoecer são testes que fazem parte da vida. Cuidar da saúde deveria ser prioridade, mas vejo que não, pois ouço histórias de pessoas que nunca foram ao médico ou que nunca pensaram que ficariam doentes.

Ah, descobri com as minhas pacientes que estavam com sequelas de AVC, que a grande maioria se preocupava com os netos e, por isso, o quadro de pressão alta sempre as levava às emergências.

Eu digo sempre o que nossa mãe diz: "Quem pariu Mateus que o embale’’, ou seja, ela dizia que quem deve cuidar de seus filhos são os pais e não as avós.

Concordo com a nossa mãe e até acrescento: ’’Quando os filhos são elogiados, os méritos são dos pais, mesmo que eles só os busquem a noite para dormir em suas casas. Mas, se as reclamações são de mau comportamento... Ah, a culpa é das avós, que ‘’estragam’’, ‘’mimam’’ e fazem ‘’todas as vontades’’.

Meu recado: Quando a doença afligir o teu corpo, não a deixe minar a sua fé, pois a fé que nos mantém forte, corajosos e mansos de coração, já que Deus não culpa, não julga e não nos condena, apenas permite o adoecimento, pois fomos omissos no cuidado com o corpo.

Bjs,

Alda