Ficar doente, adoecer a
ponto de ficar impossibilitado de realizar as atividades do dia a dia é algo
muito difícil de elaborar, principalmente quando a doença leva à internação.
Um dia, você está no
trabalho, no outro em um quarto de hospital, sendo visitado por amigos e
familiares tentando ‘’animar’’, dar ‘’coragem para reagir’’ e fora aqueles que aparecem,
para ter a certeza que, você está mesmo doente.
Eu e a ‘’mana abençoada‘’
nunca ficamos doentes a ponto de internação, mas, como trabalho em um hospital,
vejo e ouço vários comentários como esses que citei.
Penso que, a doença seja
como uma areia movediça. Como assim Bial? (rs)...Sim, ela tira o seu chão, mexe
com a sua autoestima, diminui a sua coragem. Faz você duvidar da existência de
Deus (para alguns) e provoca a sensação de que ‘’nada vai ser como antes’’.
Hellooooo... Não, mesmo!!! Você
não será o mesmo de jeito nenhum! ”Sabe por quê? Porque a doença, o adoecer,
mexe com o seu ‘’eu’’. Eu diria que coloca todas as suas teorias, suas certezas
e as suas crenças em questionamento.
Você pensa: ‘’Eu me
cuidava’’, ‘’Eu nunca fumei e bebia pouco’’, ‘’Eu sempre tentei ter uma
alimentação saudável’’. "Mas como fui chegar até aqui?"
A família e os amigos quando
vem visitar dizem: ’’Tudo vai ficar bem’’, ‘’Reze para Deus’’, ‘’Você vai
melhorar’’. Mas sem efeito, porque você está desfragmentado de si.
Vejo essa situação todos os
dias no hospital. Vejo olhos perdidos em busca de Deus, mas também perdidos em
busca de nada.Vejo a ausência da família, e o descaso de alguns acompanhantes
que, mesmo sendo pagos pela família, são relapsos no cuidar do paciente.
Vejo pessoas desestruturadas
emocionalmente, assim como acompanhantes cheios de medos e ansiedades em busca
de confirmação ou não do diagnóstico.
Ouço gemidos e palavras
confusas, assim como, vejo pacientes imobilizados funcionalmente devido à
sequelas de um AVC (acidente vascular cerebral), por exemplo.
Sinto que, algumas vezes me
faltam palavras, para ‘’tocar ‘’aquele coração entristecido pelo adoecimento. Mas
também sinto surgir dentro de mim uma força para amenizar a diminuição da fé.
Sempre digo para os meus
pacientes: "Você pode perder tudo na vida em todos os sentidos, porém
mesmo assim, reconstruir-se. No entanto, se você perder a sua fé, você terá
perdido tudo mesmo’’.
Enfim, penso que a doença e
o adoecer são testes que fazem parte da vida. Cuidar da saúde deveria ser
prioridade, mas vejo que não, pois ouço histórias de pessoas que nunca foram ao
médico ou que nunca pensaram que ficariam doentes.
Ah, descobri com as minhas
pacientes que estavam com sequelas de AVC, que a grande maioria se preocupava
com os netos e, por isso, o quadro de pressão alta sempre as levava às
emergências.
Eu digo sempre o que nossa
mãe diz: "Quem pariu Mateus que o embale’’, ou seja, ela dizia que quem
deve cuidar de seus filhos são os pais e não as avós.
Concordo com a nossa mãe e
até acrescento: ’’Quando os filhos são elogiados, os méritos são dos pais,
mesmo que eles só os busquem a noite para dormir em suas casas. Mas, se as
reclamações são de mau comportamento... Ah, a culpa é das avós, que
‘’estragam’’, ‘’mimam’’ e fazem ‘’todas as vontades’’.
Meu recado: Quando a doença
afligir o teu corpo, não a deixe minar a sua fé, pois a fé que nos mantém
forte, corajosos e mansos de coração, já que Deus não culpa, não julga e não
nos condena, apenas permite o adoecimento, pois fomos omissos no cuidado com o
corpo.
Bjs,
Alda