sábado, 12 de novembro de 2016

Conto: A coragem


Advinha? Hoje é dia de contoooooooooo ...Mais um conto para refletir.Vamos lá!


Sim, este possui um ''muito de realidade''. Foi inspirado na vida de uma paciente, que atendia no hospital em que trabalho.

Após, fazê-lo li para a paciente no dia seguinte. Ela ficou muito emocionada pela homenagem e mencionou que, não sabia que sua vida poderia servir para ajudar outras pessoas que não sabem lidar com ''as perdas de si''.

Vamos lá! 


Na vida você busca realizar sonhos. E para que ocorram, uma longa estrada em sua frente você encontrará. Atalhos irão aparecer e tentar induzí-lo a um caminho mais ‘’fácil’’. Tudo ilusão!  

Seguir em frente após uma queda é para poucos! E estes poucos que levantam a cabeça e seguem são fracos aos olhos dos ‘’fortes’’, mas na verdade são vencedores, porque reconheceram suas dificuldades, e, na sua humildade, permitiram buscar ajuda e hoje são exemplos de vida.

Quero contar uma história á vocês. Uma jovem sonhava em ser jornalista, ou melhor, repórter da “Globo News”. Por não possuir dinheiro para pagar um cursinho pré-vestibular, começou a vender roupas entre as amigas. Uma blusa aqui, um lençol de cama ali. Tudo um pouco e muito na sua luta para realizar seu sonho.

         Estudou muito, dedicou-se ao extremo. E, apesar dos comentários maldosos de que era ‘’vergonhoso’’ conseguir dinheiro dessa forma,  foi aprovada na Universidade Federal do Pará!

O tempo passou e, já casada, acordava todos os dias, antes do marido e do galo cantar. Tinha que enfrentar uma longa viagem de barco. Eram mais de 6 horas em um espaço dividido por pessoas que chegavam à Belém do Pará, para trabalhar ou estudar também!

As aulas eram realizadas em prédios de blocos diferentes, mas ela não se cansava. À noite, com o término das aulas, ela regressava. Ia até a escadinha da Praça do Pescador, na Estação da Companhia  Docas do Pará, para esperar a embarcação rumo a sua casa.

         Existiam dias que a maré estava alta desde o inicio da manhã, atrasando todos os embarques e desembarques. Houve um dia que chegou em casa de madrugada. Uma noite mal dormida, mas no dia seguinte estava ali, sentada, prestando atenção na aula.

De repente, sua vida mudou. Começou a perder a visão. Ficou no início turva e com o passar dos dias já não enxergava mais nada, nem vultos! Em desespero procurou vários médicos,e, após inúmeros exames soube do diagnóstico, descobriu que tinha uma doença degenerativa, que provocava além das perdas motoras, prejuízos no nervo óptico.

Ao ser internada em um Hospital em Belém para refazer exames e ser consultada por um especialista, já estava com perda motora. Andar era difícil, só com ajuda de alguém. Parente ou acompanhante de outro paciente eram ‘’seus olhos e pernas’’.

Suas atividades de vida diária (AVD´S), estavam comprometidas. Ir ao banheiro, tomar banho sozinha, vestir-se ... só com ajuda! Internada em uma enfermaria com apenas dois leitos, o espaço que era pequeno tornou-se imenso na ‘’escuridão dos sentidos’’.

Um médico da clinica após ser ‘’insultado’’ pela sua ‘’revolta’’, solicitou ajuda de uma terapeuta ocupacional, que, ao entrar na enfermaria, deparou-se com uma jovem paciente que estava deitada virada para a parede.

Os atendimentos começaram e com eles os questionamentos. A cada atividade terapêutica, um novo desafio era dado à paciente. Ela teria que adaptar-se a sua nova situação. Ficar dependente do acompanhante não poderia continuar a acontecer. Por isso, ao melhorar autoestima e ganhar confiança de sua capacidade, ela reconheceu que, apesar de suas limitações, era possível ser semi-independente em suas AVD´S.

Quando uma técnica de enfermagem chegava para dar o seu remédio, ela não só reconhecia o remédio pelo formato, como fazia questão de dizer o nome de quem estava entregando. Espantadas, as técnicas eram informadas por ela que as reconhecia pelo cheiro ou pela voz e, quando isso não era possível, ela pedia para aproximar-se, tocava-as e assim ficava mais fácil, ela dizia.

Até o apelido de ‘’X9’’ recebeu na enfermaria! Sabia até quem havia visitado a outra paciente, o que os médicos haviam dito, se estava ou não de alta. Bem humorada, passava o dia. É claro que tinha ‘’lá os seus dias’’ de tristeza, mas após as sessões de terapia, começava a elaborar o processo do adoecer.

Hoje, neste exato momento, luta contra uma doença que a Medicina ainda não encontrou a cura. Em casa é cheia de planos para retornar ao último período do seu curso. Assim, ela reza, pedindo a Deus força e coragem.
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Para refletir: 

Se você passa por algum problema que esteja tirando o seu sono e que faz os seus dias serem noites, olhe para o céu e peça a Deus força e coragem para lutar ! Uma guerra perdida não é uma batalha a ser vencida!Não é verdade?

Seu maior inimigo está dentro de você ...Você !!! Só você pode dizer que não é capaz ! Que não vai conseguir!Ou estou errada?

O poeta Fernando Pessoa disse em um de seus Poemas: ‘’A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos’’

Tenha a coragem de reescrever uma nova história! As dores e as perdas quando vistas como desafios, devem ser vencidas. Obstáculos não são muros altos quando Deus mostra que a escada é a sua fé!Você concorda comigo?

Caso não consiga superar e elaborar....Procure ajuda!Faça terapia!Fraco é quem não reconhece suas fraquezas e fortes são aqueles que procuram ajuda.Penso assim e você?
Bjs,
Alda 
* Imagem: Google (Abaetetuba /Pará ) Encontra Abaetetuba
*Conto registrado na Biblioteca Nacional,mas ainda não publicado