segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Livro: Olho de boto.


Hoje, meu bate-papo é sobre o livro do escritor paraense Salomão Larêdo, que foi lançado pela Editora Empíreo. 

Confesso, que ainda não tinha lido nenhum livro neste estilo. Qual estilo? Regional, povoado de ‘’eu vivo’’.

Como assim? Sabe quando você escreve e, em cada palavra ou frase, você se transfere para a ponta da caneta ou para a ponta dos dedos que digitam no teclado? Assim ele fez! 

Pois é, bem assim! Quando comecei a ler, eu fiquei intrigada e incomodada com a leitura, já que tem cenas de arrepiar os cabelos. Intrigada, porque estava tentando adivinhar como os personagens seriam desenvolvidos no contexto do romance. Incomodada, pois os personagens são muito autênticos, ou seja, não possuem ‘’papas nas línguas’’, falam tudo que pensam, pensam tudo que falam e, acima de tudo, possuem um jeito ‘’desnudado de ser e de falar de si e do outro‘’...''Pai D'egua'' !!(rs)

Em algumas páginas, viajei no tempo da minha infância e da adolescência, ou melhor, da minha e da ‘’mana abençoada’’, pois os personagens e os lugares que o romance se desenvolve fizeram parte daquela época.

Encontrei vários vocabulários ‘’pra lá’’ de regionais, que me remeteram ao passado e confesso que foi muito bom, como: ’’Eta pau pereira’’, ‘’boca da noite’’, ‘’patetava’’, ‘’lorota’’, ‘’olhar seca pimenteira’’, ‘’Eras-te’’, ‘’acocorada’’, ‘’pissiquenta’’, ‘’tremelique no beiço’’, ‘’aperreada’’, quase nenhum pio’’, ‘’pasma’’, ‘’rádio cipó’’, ‘’égua’’, ‘’piripaque’’, ''bulhufas'' ,''mandiga'' , ''meteu o bedelho'', ''tucandeira'', ''caneludos'', ''tapar o sol com a peneira'',entre outros.

Mas, vamos  falar mais sobre o livro!

O enredo está relacionado a um casamento entre dois homens. Ops, quer dizer  um homem com o outro que está ‘’encantado’’ e este outro é mulher. Confundiu sua cabeça?

Calmaaaaaaa...Aí, está a beleza do imaginário  do real. Pois é,não estou querendo explicar para não comprometer o Romance!(rs) E até falo que nós, por aqui, não nos espantamos com essa história de ‘’encantamento’’, pois é tão comum quanto ‘’mau-olhado’’ e "pajelança’’.

Vamos lá! O romance se desenvolve e envolve-se de uma forma tão atípica, no meu ponto de vista, que em alguns momentos parava a leitura e dizia: ’’Eta pau pereira vem muita coisa por aí’’(rs)

O lugar é ‘’Inacha’’, que é ‘’um povoado pacato e ordeiro da floresta amazônica, onde ninguém contesta o poder do regime militar, recentemente implantado no Brasil’’ na década de 60.

As relações homoafetivas estão presentes no romance, até diria que são o tema principal. O autor soube falar de forma livre, sem algemas nos pensamentos e pudores nas palavras.

Poxa, não tenho muito tempo para falar mais do livro, mas posso dizer que no final do livro existem inúmeros nomes dos personagens, que eu penso que muitos são ‘’jogos de nomes’’.

Cito alguns personagens: Inajacy, Inajá, Gagarino, Bitinho, Acne, Jiboia, IrisOsiriAmarilis, Chicachora, Dmiriti e Ponciano. E menciona nomes de personalidades como: Jânio Quadros, Che Guevara e Fidel. Ah! Existem trechos de músicas assim como nome de ruas de Belém e alguns estados, municípios, cidades e países são citados como: Oriximiná, Belém, São Paulo, Amazonas,Rio de Janeiro, Moscou, Alemanha, entre outros.

Ufaaa!!! Quer saber mais sobre o livro e como termina o casamento de Inajacy e Inajá?   Aconselho ‘’maninha’’ e ‘’maninho‘’ adquirirem a obra do nosso amigo Salomão Larêdo, pois ele é ‘’o cara‘’ da literatura paraense, pois ele é criativo, autêntico, irreverente e simplesmente ‘’Salomão Larêdo’’...''Fim de papo''! (rs).

Super Indicação de leitura!

Bjs,
Alda