Você já sofreu com bloqueios criativos. Não
adianta negar, todo mundo passa por isso. Não importa se vocês está
trabalhando com planilhas no trabalho, tentando decidir a cor da cortina ou
planejando uma viagem, você certamente já se deparou com um bloqueio mental
que não te deixou seguir em frente.
Algumas vezes eles ocorrem por termos que decidir
entre várias opções, outras vezes ocorrem simplesmente por não termos opção
alguma. Em ambos os casos, ficamos presos em uma situação que sempre parece
sem saída.
A solução, normalmente, é um simples intervalo.
Voltar ao problema depois de uma hora, um dia ou uma semana, pode clarear a
situação. Você até se surpreende com como a resposta estava ali, na sua cara.
Isso é uma capacidade fascinantes das nossas
mentes. É incrível como ela é capaz de resolver um problema inconscientemente
enquanto estamos vivendo nosso dia-a-dia.
A incubação funciona
O efeito de incubação é bem conhecido e faz parte
da teoria dos “quatro estágios da criatividade”, formada pelo psicólogo
inglês Graham Wallas em 1926:
1. Preparação
2. Incubação
3. Iluminação ou ideia
4. Verificação
O problema dessa teoria é que a fase da incubação
é um grande mistério. Após a preparação, o processo de incubação consiste
simplesmente em não fazer esforço consciente para resolver o problema, o que
resulta em uma ideia ou iluminação. Muito bom para ser verdade, certo?
Por incrível que pareça, não é bom demais para
ser verdade. Isso realmente acontece. Pesquisas no ramo da psicologia
comprovam que a experiência de incubação (o famoso “dar um tempo”) realmente
funciona. Mais de 50 estudos já foram feitos sobre esse processo, e três
quartos deles comprovam seu funcionamento.
A pergunta, portanto, é: por que isso funciona?
É só esperar um tempo?
Um grupo de psicólogos afirma que o efeito de
incubação consiste apenas em esperar um tempo. Quando você dá um intervalo a
um problema, sua mente descansa e, quando você volta, ela está fresca para
começar a trabalhar novamente – resolvendo tudo de forma melhor. Não é só sua
mente que está renovada, mas todas as visões e pontos de vista que você tinha
sobre o problema foram resetados. Antes, você via o problema de uma forma
específica que limitava sua capacidade de encontrar soluções. Depois do
intervalo, você esqueceu o que te prendia, e está livre para seguir em frente
rumo à solução.
Porém, segundo os psicólogos, não é apenas
esquecer o jeito antigo de pensar que permite avançar – há também a questão
do trabalho inconsciente que ocorre no descanso.
Isso foi comprovado através de um teste. Os
psicólogos ofereceram um desafio de criatividade aos participantes, que
consistia em listar o maior número de novos usos para objetos cotidianos em
dois minutos.
Uma cadeira, por exemplo: além de sentar, quais
outros usos podem ser feitos dela? Você pode subir nela para ver algo alto;
também é possível construir um abrigo para o frio, usando-a de apoio para
cobertores….
Quanto mais usos imaginar, mais criativo é o
indivíduo.
Depois disso, foram dados testes de matemática,
para deixar a cabeça dos participantes ocupadas e, em seguida, o teste de
criatividade foi feito novamente. A sacada foi que apenas uma parcela dos
participantes sabia que voltaria a fazer o teste de criatividade, o resto foi
surpreendido ao ter que realizá-lo outra vez.
O grupo que sabia que teria que realizar o teste
novamente mais que dobrou o número de ideias, enquanto o grupo que foi pego
de surpresa praticamente não aumentou sua média.
O estudo mostra, portanto, que o trabalho
inconsciente é a chave no processo de incubação. O grupo que sabia que
realizaria o teste novamente deixou o inconsciente trabalhando, enquanto
estavam focados no teste de matemática. Já o outro grupo, que não esperava
realizar a tarefa, descartou o teste de criatividade e não evoluiu no tempo
de descanso. Isso significa que romper um bloqueio mental é, mais que tirar
um descanso, saber que essas tarefas serão realizada depois dele.
A pesquisa também é uma boa dica para pessoas
criativas em geral: intervalos entre atividades sempre vão te ajudar a
avançar na criação. É ciência. Mesmo que sua rotina de trabalho seja
apressada, intervalos são uma ótima escolha. Por mais que você ache uma perda
de tempo, as soluções criativas que virão vão otimizar seu trabalho – além de
proporcionar momentos mais agradáveis e diminuir o estresse do dia-a-dia.
Essas são, portanto, as duas principais dicas
baseadas na pesquisa para tirar o máximo do efeito de incubação:
- Preparar: antes de
deixar a ideia descansar, é bom sempre ter um panorama geral do problema. Não
adianta parar logo que a crise surgir – é sempre bom conhecer o problema de
todos os ângulos antes de incubá-lo. Seu inconsciente agradecerá.
- Pequenas pausas: até os períodos pequenos de incubação podem ser funcionais. Segundos
os estudos, parar durante meia hora pode ter o mesmo efeito de deixar o
problema repousando por 24 horas.
Autor: Gustavo Di Lorenzo,
Jornalista
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*Pesquisa para o Blog e arte: Vitória de Cássia