Eles desafiam o ‘’status quo’’ e introduzem e
implantam inovações nos ambientes nos quais estão inseridos.
Reprodução de A Mulher de Branco no Jardim, de Claude Monet, Manet,
Pissaro, Degas e Renoir foram, sem sombra de dúvidas, gênios criadores. Mas,
mais do que isso, foram verdadeiros empreendedores. Sim, empreendedores
institucionais. Com a ajuda de amigos e aliados, foram capazes de
institucionalizar um novo estilo de pintura, o qual valorizava sobretudo a
luz, as cores e as pinceladas mais soltas, em oposição ao estilo da pintura
realista dominante na época. O que poucos sabem é que foram também atores
protagonistas que lutaram pelo reconhecimento do trabalho e da carreira de
artistas marginalizados, revolucionando assim o sistema de arte da época
(diversos deles estão em exposição no Centro Cultural Banco do Brasil de São
Paulo).
Mas, afinal, e o que caracteriza os empreendedores institucionais?
Empreendedores institucionais vão além das inovações organizacionais.
Desafiam o status quo e introduzem e implantam inovações nos ambientes nos
quais estão inseridos. Provocam rupturas e verdadeiras revoluções. Por isso,
não raramente são aclamados como heróis. Podemos considerar que Mahatma
Gandhi foi um dos maiores empreendedores institucionais de todos os tempos,
ao mobilizar discursos em torno da independência da Índia.
Casos como esses não são muito comuns no mundo. Fascinam não somente
cientistas como também o público em geral. Entre eles podemos citar, por
exemplo, um grupo de agentes que lutou pela mudança da imagem das baleias no
Canadá – de nocivas a queridas –, o que possibilitou a estruturação do
mercado de ecoturismo em torno da observação dos animais. No início dos anos
80, a adoção de novas práticas de RH por um grande escritório de advocacia
dos Estados Unidos pode ser considerada outro exemplo. Antes, os advogados
que completassem alguns anos de carreira dentro dos escritórios e que não
fossem promovidos a sócios eram convidados a sair das empresas. As novas
práticas disseminaram-se pelo setor, configurando uma nova relação de
trabalho entre os advogados e os escritórios.
Mas “mudar o mundo” definitivamente não é tarefa fácil. Além de boa vontade,
exige determinação, coragem e disposição para romper com a estagnação. E,
sobretudo, muita cooperação, pois mudanças como essas advêm de construções
sociais.
No Brasil, nossos agentes têm feito um excelente trabalho. ONGs e entidades
que promovem o empreendedorismo, a mídia de negócios, as universidades e,
claro, os empreendedores vêm transformando a imagem do empreendedorismo no
Brasil. As estatísticas do último GEM Brasil confirmam que nossos
empreendedores, hoje, são valorizados pela sociedade.
No entanto, à parte de impressionistas – ops! – quer dizer, impressionantes
empreendedores, o que precisamos definitivamente exigir é a cooperação dos
agentes da área pública, que possibilitem reformas regulamentais e éticas,
transformando as condições de se empreender no país. E viva a impressão do
nosso "sol nascente"!
Autora: Laura Cristina Pansarella é gestora e
coordenadora de projetos do FGVcenn (Centro de Empreendedorismo e Novos
Negócios) da FGV e pesquisadora de empreendedorismo nas Indústrias Criativas.
Email: Laura.pansarella@fgv.br
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