Lembro-me, que assim que me formei, fui fazer estágio supervisionado em Terapia Ocupacional, em um hospital de referência ao tratamento de câncer e, nesse hospital, permaneci por cerca de sete meses, até conseguir um emprego de carteira assinada.
Trabalhava na área de Pediatria. Atendia as crianças do setor de Oncologia que faziam quimioterapia. Apesar de ser um estágio supervisionado, evoluía nos prontuários, como terapeuta ocupacional.
Quando um dia, uma das mães tendo que ir até a padaria, solicitou que eu ficasse com o filho dela de quatro anos de idade, prontamente aceitei. E ela foi!
Só que a criança passou mal. E, mesmo com todas as manobras de reanimação, ela faleceu. Fiquei tensa. Era minha primeira experiência com a morte de um paciente e, o pior, tendo que amparar a mãe após o recebimento da notícia.
Nesse dia, a psicóloga havia faltado o plantão. Então me preparei. Apesar da tristeza, naquela hora eu era a profissional e teria que agir com a razão e não com a emoção. Teria que dar suporte terapêutico.
Pois bem, ela chegou. E após receber a notícia ficou em ‘’choque’’. Levei-a até a enfermaria, pois ela teria que pegar uma roupa para colocar na criança.
De repente, ela pegou ‘’um par de meias’’ e disse: ’’Ele vai sentir frio pra onde vai. Coloquem isso no meu filho’’. Eu e a enfermeira lagrimamos, mas fizemos o que ela havia pedido.
A notícia da morte é sempre ‘’dolorosa’’ para quem a recebe, mas, para uma mãe, ela é ‘’devastadora’’. Mesmo assim, a mãe nunca se esquece de proteger o seu filho, nem quando ele já morreu... Mãe é mãe!!
Alda de Cássia
*Imagem Google: