Bem, a pergunta (‘’Maconha, será
que serve para o tratamento do meu pai?’’) foi feita pela filha de um paciente
que estava internado com o diagnóstico de AVC (acidente vascular cerebral).
Ele receberia alta no dia seguinte por isso, a fonoaudióloga pediu para que eu
pudesse conversar com ela.
Ouvi todos os seus argumentos
como: ‘’Sei de um senhor que a filha trouxe do Chile’’, ‘’Ele nunca mais teve
um AVC’’ , a ‘’Parte ruim que o cérebro dele pode ser aumentado’’e
‘’ Ele voltou a andar depois das gotas’’.
Pois bem, não me vi na condição
de argumentar e sim dar informações mais pontuais e reflexivas, entre elas:
‘’Não existem duas pessoas com o diagnóstico de AVC que possuem igual área
afetada’’ e ‘A reabilitação funcional não é a mesma até porque lidamos com
pessoas com história de vida e clinica diferente. Não é mesmo?’’.
Bem, será que vale a pena
submeter o pai aos prejuízos dos efeitos colaterais (segundo ela,
aumento do cérebro e toxidade letal)do uso ‘’da ‘’folha’’? É ilegal o uso como
remédio no Brasil. O que aconteceria se ele passasse mal e no exame de sangue
fosse comprovado a substância no sangue?Perguntei...Ela ficou em silêncio!!
Diante destes fatos resolvi
pesquisar e aqui deixo um pouco da minha pesquisa. É claro que, há o uso no Chile,
como tratamento, e como ela falou, ‘’certa cura’’, não é garantia de que o
mesmo vai acontecer em todos os pacientes.
- Existe
o registro de diminuição da crises epiléticas (mais de 300/mês para 2/mês) em
uma criança (Charlotte Figi, 7 anos de idade) que apresentava o diagnóstico de
Síndrome de Dravet (tipo de epilepsia grave e que pode aparecer acompanhado do
Autismo). Ela tendo sido tratada com o extrato de uma variedade de cannabis
sativa (No Estado do Colorado)
- O
Canabiol é uma substância proibida no Brasil, pois é considerada uma
substância psicotrópica de uso não prescrito da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA)
- Médicos
e pesquisadores alertam que o uso durante a adolescência e inicio da vida
adulta pode provocar problemas cognitivos e comportamentais.
- A
maconha pode provocar a síndrome amotivacional que
apresenta sintomas clínicos como: prejuízo da memória, déficit de atenção,
falta de interesse e outras sintomas que interferem na produtividade e no
aprendizado.
- A
reação mental do uso da maconha vai da euforia à fluidez de idéias até ao
pânico.
- Pode
aparecer quadro psicótico com o uso abusivo precoce em pessoas com
predisposição;
- Para o
uso é importante considerar: o paciente e a doença para pesar os riscos e
benefícios da terapia com cannabis.
- Possui
efeitos terapêuticos: diminuição de espasmos musculares, ataxia(falta de
controle muscular) e fraqueza;
- Menor
pressão intra-ocular no caso de glaucoma;
- Uma
pesquisa publicado pelo Instituto Max Planck de psiquiatria, na Alemanha, diz que o
uso provoca no processo cerebral uma proteção contra o ataque de epilepsia.
- Segundo
Juliana Tiraboschi , em artigo na revista Galileu , foi sancionada uma lei que
descriminaliza o uso, porém não legaliza o uso pessoal de entorpecentes no
Brasil;
- A
maconha pode provocar o surgimento de novos neurônios (artigo de Sidarta
Ribeiro, Ph.D, em neurobiologia pela Universidade de Rockefeller)/ Revista
Viver Mente e Cérebro: ‘’Detalhes do Não e do Sim’’)
Enfim, não pretendo defender a
proibição ou apoiar o uso, por isso, disse, para a filha do paciente, que todo tratamento deve
ser acompanhado por uma equipe de profissionais de saúde e fazer o uso ou não, não é
uma decisão simples quando se deseja buscar ‘’a cura do pai’’ como ela
argumentou.
Fonte: Pesquisa feita na Revista
Viver ‘’Mente e Cérebro’’ e Galileu
Bjs,
Alda de Cássia
*Imagem: BBC