Hoje, meu bate-papo é sobre
o livro do escritor paraense Salomão Larêdo, que foi lançado pela Editora
Empíreo.
Confesso, que ainda não
tinha lido nenhum livro neste estilo. Qual estilo? Regional, povoado de ‘’eu
vivo’’.
Como assim? Sabe quando você
escreve e, em cada palavra ou frase, você se transfere para a ponta da caneta
ou para a ponta dos dedos que digitam no teclado? Assim ele fez!
Pois é, bem assim! Quando
comecei a ler, eu fiquei intrigada e incomodada com a leitura, já que tem cenas
de arrepiar os cabelos. Intrigada, porque estava tentando adivinhar como os
personagens seriam desenvolvidos no contexto do romance. Incomodada, pois os
personagens são muito autênticos, ou seja, não possuem ‘’papas nas línguas’’,
falam tudo que pensam, pensam tudo que falam e, acima de tudo, possuem um jeito
‘’desnudado de ser e de falar de si e do outro‘’...''Pai D'egua'' !!(rs)
Em algumas páginas, viajei
no tempo da minha infância e da adolescência, ou melhor, da minha e da ‘’mana
abençoada’’, pois os personagens e os lugares que o romance se desenvolve
fizeram parte daquela época.
Encontrei vários vocabulários ‘’pra lá’’ de regionais, que me remeteram
ao passado e confesso que foi muito bom, como: ’’Eta pau pereira’’, ‘’boca da noite’’, ‘’patetava’’, ‘’lorota’’,
‘’olhar seca pimenteira’’, ‘’Eras-te’’, ‘’acocorada’’, ‘’pissiquenta’’,
‘’tremelique no beiço’’, ‘’aperreada’’, quase nenhum pio’’, ‘’pasma’’, ‘’rádio
cipó’’, ‘’égua’’, ‘’piripaque’’, ''bulhufas'' ,''mandiga'' , ''meteu o bedelho'', ''tucandeira'', ''caneludos'', ''tapar o sol com a peneira'',entre outros.
Mas, vamos falar mais sobre o livro!
O enredo está relacionado a
um casamento entre dois homens. Ops, quer dizer um homem com o outro que está
‘’encantado’’ e este outro é mulher. Confundiu sua cabeça?
Calmaaaaaaa...Aí, está a
beleza do imaginário do real. Pois é,não estou querendo explicar para não comprometer o Romance!(rs) E até falo que nós, por aqui, não nos espantamos com essa
história de ‘’encantamento’’, pois é tão comum quanto ‘’mau-olhado’’ e "pajelança’’.
Vamos lá! O romance se
desenvolve e envolve-se de uma forma tão atípica, no meu ponto de vista, que
em alguns momentos parava a leitura e dizia: ’’Eta pau pereira vem muita coisa
por aí’’(rs)
O lugar é ‘’Inacha’’, que é
‘’um povoado pacato e ordeiro da floresta amazônica, onde ninguém contesta o
poder do regime militar, recentemente implantado no Brasil’’ na década de 60.
As relações homoafetivas
estão presentes no romance, até diria que são o tema principal. O autor soube
falar de forma livre, sem algemas nos pensamentos e pudores nas palavras.
Poxa, não tenho muito tempo
para falar mais do livro, mas posso dizer que no final do livro existem inúmeros
nomes dos personagens, que eu penso que muitos são ‘’jogos de nomes’’.
Cito alguns personagens:
Inajacy, Inajá, Gagarino, Bitinho, Acne, Jiboia, IrisOsiriAmarilis, Chicachora,
Dmiriti e Ponciano. E menciona nomes de personalidades como: Jânio Quadros, Che
Guevara e Fidel. Ah! Existem trechos de músicas assim como nome de ruas de Belém e alguns estados, municípios,
cidades e países são citados como: Oriximiná, Belém, São Paulo, Amazonas,Rio de Janeiro,
Moscou, Alemanha, entre outros.
Ufaaa!!! Quer saber mais sobre o livro e como termina o casamento de Inajacy e Inajá? Aconselho ‘’maninha’’ e
‘’maninho‘’ adquirirem a obra do nosso amigo Salomão Larêdo, pois ele é ‘’o
cara‘’ da literatura paraense, pois ele é criativo, autêntico, irreverente e simplesmente
‘’Salomão Larêdo’’...''Fim de papo''! (rs).
Super Indicação de leitura!
Bjs,
Alda