Em mais um dia no hospital no qual trabalho, como terapeuta ocupacional,
deparei-me com uma situação inusitada e engraçada. O fato, é que trabalhar em
um grande hospital sempre proporciona oportunidades de conhecer pacientes em seu
adoecer, que não deixam de trazer arraigados suas culturas e costumes.
Amo trabalhar nesta área hospitalar. Aprendo muito e sei que a cada
atividade terapêutica, planejada ou não para os pacientes, construo e
desconstruo mitos e verdades sobre a doença e o adoecer.
Sabe quando você pára e em um rápido momento e pensa: ‘’Como estou feliz
por estar aqui. Aqui é o meu lugar?’’... Assim tenho a sensação todos os dias,
quando chego diante de um paciente e ouço os ‘’seus desesperos emocionais’’.
Ao chegar, em um leito, havia uma paciente de 96 anos de idade de olhos
fechados. Na hora falei para a sua acompanhante que depois voltaria, pois, ela
estava dormindo. Ela prontamente abriu os olhos e começou a falar de seus
‘’problemas’’.
Todo terapeuta ocupacional deve ser um ‘’bom ouvinte’’ e um excelente
observador se desejar ‘’ler as entrelinhas’’ de um relato feito por um
paciente.
Desde o seu olhar até a sua forma de falar. Desde os seus gestos com as
mãos, até o seu silêncio emblemático. Tudo deve ser analisado e processado para
fazer parte de uma anamnese.
A anamnese seria uma entrevista
que devemos realizar colocando desde a história de vida do paciente (HDA), até
a avaliação de disfunções, por exemplo, para podermos traçar um plano de
tratamento.
Pois bem! A paciente estava internada com o diagnóstico de um AVC
(acidente vascular cerebral), que, durante a avaliação terapêutica, levava a crer que teria sido uma isquemia
cerebral.
Apesar de não ter levantado do leito, ela movia braços e pernas, sem a
observação de perdas de movimentos ou diminuição de força em um lado do corpo.
Espero que você esteja me entendendo, pois estou utilizando uma
linguagem técnica, a mais acessível possível, para a sua compreensão.
Foi quando ela disse que havia virado ‘’uma flor’’ dias antes de ter sido
internada. Eu como não entendi o sentido, ‘’uma flor’’, questionei-a sobre o porquê daquela colocação,
tendo como resposta: ’’Passei o dia inteiro no vaso sanitário’’... Rimos todas
na enfermaria com ela.
E não parou por aí não!!!Ela
ainda disse: ’’Minha filha, o médico quando viu o meu exame de fezes disse se
era meu aquele exame- Tenho oito tipos
de vermes- Eu respondi que era sim, para o doutor. E ele respondeu:’’A senhora
tem um pantanal aí,dentro’’...’’Amei este
médico minha filha’’. E voltamos a rir todas novamente.
Terminei o meu dia rindo, cada vez que me lembrava desta paciente!!
Bjs,
Alda